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Gerações

Em Cuba, as gerações foram definidas por aqueles que veem a Ilha em cima do jugo lutando pela Nossa América e, a partir daí, por toda a humanidade. Por aqueles que veem a política como o exercício público da ética, como vimos de um lado hoje em dia

Autor: Ernesto Estévez Rams | internet@granma.cu

Abril, 2020

Foto: Arquivo do Granma

 

O melhor presente dado a um profissional, além de moldar e enriquecer sua capacidade e talento, são os valores, os princípios e a vocação humanística, sem os quais o domínio do conhecimento mais amplo não seria de muita utilidade.

 

Onde é que as gerações podem ser definidas? No gabinete daquela pessoa que delimita o escopo de seu capricho ideológico, ou na ação que define o escopo que transcende a anedota?

A geração de 1868 não foi definida pelos reformistas, porque até então o reformismo honesto de José Antonio Saco e o desonesto de outros haviam sido definitivamente rompidos com a dissolução do Conselho de Informação. A geração de 68 foi definida por aqueles quem foram para a mata, com o facão na mão, sem permitir reconciliação com aqueles que falavam de independência mostrando o jugo.

A geração de 95 não foi definida pelos autonomistas. Aqueles que fingiram não estar com os colonialistas, mas nem com os revolucionários. Aqueles que fugiram do radicalismo porque não o viam como raiz, mas como extremo. Como se fosse possível um compromisso entre soberania e subjugação. O pretenso alheio à agenda dos poderes de rapina, mas, no final, eles queriam ou não, servindo à agenda dos poderes de rapina e fingindo no discurso que outros façam tal como o avestruz para evitar serem descobertos. A geração de 95 foi definida por aqueles que se jogaram nas montanhas, com facão na mão, sem permitir a reconciliação com aqueles que falaram disso mostrando o jugo.

A geração centenária não foi definida pelas autênticas. Aqueles que afirmavam que a ruptura constitucional era apenas o capricho de um sargento e não um sintoma da decomposição de uma república burocrática neocolonial, incapaz de se manter de pé contra o poder predador. A geração do centenário foi definida por aqueles que atacaram um quartel, com a arma na mão, sem se permitirem reconciliar-se com aqueles que falaram de liberdade mostrando o jugo.

Em Cuba, as gerações não foram definidas pelos apoiantes do derrotismo colonial, aqueles que acreditam que somos pequenos demais para tentar mudar o mundo a partir daqui.

Em Cuba, as gerações foram definidas por aqueles que veem a Ilha em cima do jugo lutando pela Nossa América e, a partir daí, por toda a humanidade. Por aqueles que veem a política como o exercício público da ética, como vimos de um lado hoje em dia, o daqueles que salvam. Por outro lado, aqueles que nunca conseguiram definir nenhuma geração, acabam como os do passado, buscando o pagamento do poder que rouba, em ouro real ou simbólico, quando a recebe apenas na espinha.

Além das ilusões confortáveis, a aspiração da Revolução, juntamente com todo o seu sacrifício, é a única digna de nós e de nossa história. Nesta hora dos fornos para a humanidade, se José Martí nos pudesse ver, quanto orgulho sentiria ao ver, na testa de todos os seus filhos, a estrela que ilumina e mata. A estrela que todos aqueles médicos cubanos carregam salvando o mundo, demonstrando que, no final, não se trata de reconciliações impossíveis entre explorados e exploradores, mas de toda a justiça que Cuba representa.

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