História da AAPC
A Associação de Amizade Portugal Cuba (AAPC) foi fundada em Assembleia Geral realizada em 9/11/1974, por iniciativa de um grupo de amigos de Cuba que, arriscando a sua segurança, ousavam já frequentar a Embaixada de Cuba antes do 25 de Abril de 1974.
Foi registada em Novembro do mesmo ano e, tal como consta nos seus Estatutos, é uma Associação sem fins lucrativos, de duração com tempo indeterminado. Ainda de acordo com o mesmo documento, a AAPC tem por objecto a promoção dos valores da solidariedade, progresso e justiça social preconizados pela Revolução Cubana, realizando actividades e promovendo iniciativas tendentes a incentivar, entre o Povo Português e o Povo Cubano, o conhecimento mútuo, a amizade e o intercâmbio, nomeadamente nos domínios da cooperação e da Paz.
No seu início, a Associação tinha como principal objectivo a divulgação das principais medidas tomadas pelos governantes revolucionários, nomeadamente no ensino, com especial enfoque na erradicação do analfabetismo, na saúde, na nacionalização de empresas, na expropriação de latifúndios, entre outras medidas que transformaram a vida da população cubana.
Realizou a primeira viagem a Cuba de Turismo Político em 1976, tendo-se seguido muitas outras. Recebemos já artistas plásticos, cantores, escritores e políticos, que nos deram o retrato de Cuba Revolucionária.
A Companhia de Ballet da grande bailarina Alicia Alonso actuou no Coliseu de Lisboa e do Porto em Dezembro de 1974. Carlos Puebla visitou a sede em Julho de 1975, escreveu a canção Adelante Portugal, que gravou e cujos direitos ofereceu à Associação. Ana Maria Guevara trouxe-nos memórias do Che em Outubro de 1975. Em Junho de 1976, realizou-se a primeira Brigada José Marti, desde então repetida anualmente. Vieram filmes cubanos, realizaram-se Semanas de Cinema Cubano. Foram exibidas exposições fotográficas sobre Cuba. O primeiro boletim é publicado em Abril de 1977. Nesta fase são Presidentes da AAPC Alexandre Cabral e Ludgero Pinto Basto, tendo enorme participação na organização de actividades o Rogério Paulo, agraciado postumamente com a Medalha da Amizade pelo Conselho de Estado de Cuba.
Estreitaram-se relações com o Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP).
A queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) na década de 90 causou grandes dificuldades à economia cubana. Agravando a situação, em 1992, a Lei Torricelli determina a extraterritorialidade do Bloqueio a Cuba, interditando inclusive os navios de qualquer nacionalidade de entrarem em águas norte-americanas, antes de decorridos seis meses de alguma paragem em portos cubanos.
Na sequência de um incidente com aviões vindos de Miami, que violaram espaço aéreo cubano, o Presidente Clinton acolhe a Lei Helms Burton, o que impossibilita a revogação do bloqueio por Decreto do Presidente, na sua globalidade. Na sequência deste acontecimento, intensificam-se as medidas do bloqueio contra Cuba, fragilizando ainda mais a economia cubana.
Cuba resiste com enorme sacrifício da população. É o chamado Período Especial.
Nesta época, apesar do clima de paz, a solidariedade material assume um papel importante. Tais foram as dificuldades que, em 1993, foi assinalada existência de uma neuropatia endémica pelas deficiências alimentares causadas pelo Bloqueio.
Neste período, a AAPC promoveu sessões de esclarecimento por todo o país e organizou a recolha de bens alimentares (particularmente leite em pó, tendo-se obtido cerca de 2 toneladas) e de outros bens (como material escolar, medicamentos, material informático e brinquedos), que foram expedidos para Cuba. Estes momentos tiveram grande relevo a solidariedade material com Cuba.
Uma primeira caravana de solidariedade da Associação, integrada por carros de longa distância, transportou mantimentos, medicamentos, pneus, contentores e, até, um jeep. Foi o total de 100 Toneladas provenientes de doações individuais e de municípios de todo o país, cuja entrega solene foi feita a 08/10/1994 a Gallego Fernandez, Vice-Presidente do Conselho de Estado Cubano, após uma tocante cerimónia de lançamento de cravos ao mar, em homenagem a Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Posteriormente uma segunda caravana se seguiu, por iniciativa do Núcleo de Almada, com 40 toneladas de vários materiais a 10/6/1998.
Em Outubro de 2005 apoiámos Cuba na Cimeira Ibero-Americana em Salamanca, levando dez camionetas cheias de amigos de Cuba-para além daqueles que se deslocaram em automóveis – e participámos num comício onde usou da palavra a Presidente da Direcção da Associação Portugal-Cuba, Armanda Carvalho da Fonseca, manifestando o nosso apoio à revolução cubana.
Posteriormente, em Fevereiro de 2009, a campanha “Cuba por Todos, Todos por Cuba”, dinamizada e coordenada pela AAPC, que envolveu o Movimento Democrático de Mulheres (MDM), o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), a Juventude Comunista Portuguesa (JCP), Comité dos Cinco, Confederação de Colectividades e várias autarquias permitiu o envio de 30 toneladas de bens materiais para Cuba. Foi ainda possível a remessa de um donativo solidário da Associação no valor de 8 000 Euros, destinados a minorar as consequências da passagem de um furacão em Cuba.
Mas, se estas foram as mais grandiosas manifestações de solidariedade, a verdade é que outras, muitas mais, foram feitas ao longo dos anos, transportadas pelos nossos brigadistas. A solidariedade de natureza política tem tido particular importância na acção solidária da AAPC, contra o bloqueio (no passado e no presente), pela libertação do pequeno Élian Gonzalez e seu regresso a Cuba e pela libertação dos CINCO.
Realizou-se ao longo dos anos algumas concentrações junto à Embaixada Norte Americana. A 12/09/2013 teve lugar um espectáculo na Faculdade de Medicina Dentária, com o apoio do MDM, Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL), JCP, União dos Sindicatos de Lisboa (USL), Associação Portuguesa José Marti com a participação do nosso Vice-Presidente, Morais e Castro, Luís Represas e muitos outros.
A luta contra o bloqueio tem tido distintas manifestações ao longo dos anos, através de sessões de esclarecimento abaixo-assinados; entrega de documentos na Embaixada dos EUA; cartas enviadas aos Presidentes dos EUA e ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU); participação em acções em Genebra, junto da então Comissão dos Direitos Humanos da ONU, através de amigos residentes na Suíça; participação em desfiles e no Fórum Social em Almada e em Paris.
A AAPC promoveu e dinamizou a constituição da Comissão Nacional Contra o Bloqueio em 2006, de âmbito nacional, que congregou personalidades de diversas opções políticas que manifestaram a sua posição contra o bloqueio. Ponto alto da actividade desta Comissão foi o espectáculo realizado no Teatro São Luíz, com lotação esgotada, em que participaram Omara Portuondo, Fernanda Lapa, Manuel Freire, Linda Silva, entre outras personalidades. A intervenção política ficou a cargo do Embaixador German Blanco, em diálogo com Morais e Castro.
Por iniciativa da Associação, foi também realizado um espectáculo que encheu o Fórum Lisboa, com Maria do Céu Guerra, Vitorino e Buena Vista Social Club, Rui Mendes e muitos outros. A intervenção política esteve a cargo da Embaixadora Mercedes Aguiar e da Presidente da Direcção. A convite da AAPC, esteve também em Lisboa o Presidente da União de Escritores e Artistas de Cuba, Abel Prieto, Aleida Guevara e Camilo Guevara que visitaram também Coimbra, Évora e Porto.
Mais recentemente, fundamentalmente a partir de 2014 a AAPC, apesar da evolução negativa da situação política e social no mundo e, particularmente, em Portugal, continuou a trabalhar sempre no sentido de levar a experiência revolucionária do Povo Cubano ao Povo Português, organizando inúmeras iniciativas de solidariedade e participando em numerosos eventos públicos e de massas, em prol da luta pela soberania dos povos.
A partir de 2016, a AAPC incluiu nos seus Planos de Trabalho anuais, programas de Turismo Político, organizados com o apoio da AMISTUR, com o propósito de dar a conhecer a História de Cuba e tomarem conhecimento das dificuldades mas também das conquistas da Revolução.
Com a crise pandémica declarada em Março de 2020, o programa desse ano, que conta com 60 inscrições, foi reagendado para 2021.
Também em 2016, o nosso Núcleo de Almada organizou uma jornada de cicloturismo que percorreu vários conselhos da Margem Sul do Rio Tejo, iniciativa que se repetiu por vários anos com grande adesão popular.
Em 2018, promovemos uma recolha de bens materiais, cerca de meia tonelada, que foram expedidos em contentor solidário, em articulação com a Camara de Comercio Luso Cubana e o ICAP.
Em Abril de 2019, devido aos estragos provocados pelo Furação IRMA, a AAPC organizou uma campanha de recolhas de fundos que totalizou 6.500€ sendo esta importância transferida para Cuba.
Estas e muitas outras iniciativas levadas cabo pela AAPC que se encontram documentadas em registo fotográfico estão a ser identificadas para posteriormente enriquecerem a História da AAPC.
Mas, se a nossa génese é a solidariedade com Cuba, impõem-se que essa solidariedade seja levada à República Bolivariana da Venezuela e ao seu povo que enfrenta uma ofensiva terrorista e criminosa movida pelo imperialismo yankee.
Neste contexto a AAPC tem organizado e participado em sessões de esclarecimento e manifestado toda a sua solidariedade nomeadamente através da adesão a movimentos internacionais que pugnam pela soberania da Venezuela.
Somos uma Associação comprometido com a luta pela paz e soberania dos povos.
Somos uma Associação solidária e internacionalista.