A Grã-Bretanha vive momentos de tensão com seu melhor aliado, os Estados Unidos
Autor: Mauricio Escuela | informacion@granmai.cu
Julho 2019
A Grã-Bretanha vive momentos de tensão com seu melhor aliado, os Estados Unidos. A causa: vazamentos revelados pelo jornal The Mail of Sunday, com mensagens do embaixador britânico em Washington, Kim Darroch, nas quais qualifica Trump, entre muitas coisas, de incompetente e disfuncional.
Nas mensagens não só fala com os piores termos de Trump, também do que os Estados Unidos fazem em relação ao Irão: «é incoerente e caótico» próprio do impulso de um grupo de «conselheiros agressivos» em clara referência à diplomacia da pólvora de John Bolton. E sobre as chamadas notícias falsas o embaixador britânico declarou que todas são verdadeiras, que em algum momento começariam a ser confirmadas, com a consequência de que a Casa Branca iria cair no seu maior momento de descrédito.
Ainda não se sabe quem fez esses vazamentos e para quê, a verdade é que o Ministério das Relações Exteriores britânico foi desmarcando a sua posição oficial das declarações do embaixador, mas esclareceu que avalia positivamente o trabalho do diplomata. Ao conhecer a posição da Chancelaria britânica, Trump estourou na sua conta no Twitter e atacou a gestão de Theresa May na frente do Brexit, que descreveu de desastrosa, enquanto alertava, entre linhas, que queria um primeiro-ministro na Grã-Bretanha mais perto dos planos estadunidenses e que fizesse a saída da Uniãno Europeia da forma mais rápida e eficaz possível.
TRUMP NÃO TEM AMIGOS
De acordo com Kim Darroch, Trump ameaça não só os seus inimigos, mas os aliados, daí o seu desprezo por uma organização multinacional como a União Europeia (UE). «Nós não podemos ter ilusões com ele, este é o país da América em primeiro lugar», assevera no vazamento. Um ponto que aponta para algo que muitos sabem: nem mesmo os amigos de Trump são salvos de serem traídos.
O próprio Trump, num comunicado, em Nova Jersey, disse que o embaixador britânico «não presta um bom serviço à Grã-Bretanha, por isso não vão lidar mais com ele». Também falou sobre aquele «inglês maluco, que foi colocado em Washington», que também descreveu como «tolo, estúpido».
O aumento da temperatura, em seguida, foi rápido e Jeremy Hunt, ministro das Relações Exteriores britânico, respondeu a Trump no Twitter: «Os amigos falam honestamente e eu vou fazê-lo: esses comentários são desrespeitosos e errados sobre a nossa primeira-ministra e o meu país». Hunt também deixou claro que, se ele for eleito primeiro-ministro, manterá o mesmo embaixador nos Estados Unidos.
Um relatório da agência de notícias Prensa Latina disse que o embaixador britânico em Washington renunciou em 10 de Julho, após a polémica provocada pelo vazamento de algumas mensagens que lançaram fortes críticas ao governo do presidente Donald Trump.
Em Outubro seria materializado o «Brexit duro» na Grã-Bretanha, com o que seria mais importante a aliança estratégica desse país com os Estados Unidos. No entanto, essa briga diplomática revela diferenças únicas entre dois aliados tradicionais. Por outro lado, o quadro ainda não está definido, porque há um pedido da liderança trabalhista que realize outro referendo em torno à saída da UE, o que não é desejado pelos conservadores.
Julho, 2019