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ASSASSINATO DE JUAN ANTONIO MELLA

Júlio Antonio Mella: “Artífice do tempo amanhecido”

Há vidas que são como a passagem dos cometas que, apesar da fugacidade, seu brilho todos os que vêem. Se, ademais, a obra iniciada resiste aos vendavais do tempo e continua servindo a gerações posteriores, ratifica-se a afirmação de que, mesmo depois de morta uma pessoa pode continuar sendo útil.

As primeiras lutas de Mella, vinculam-se à reforma universitária. Um ano depois do seu ingresso na Universidade — em novembro de 1922 —, fundou a revista Alma Mater. Foi fundador da Federação Estudantil Universitária, em 20 de dezembro de 1922.

Mella convocou o Primeiro Congresso Nacional Revolucionário de Estudantes, que se reuniu no Salão Nobre da Universidade de Havana de 15 a 25 de outubro de 1923.

No ano seguinte, 1924, Mella, que dirigia a Confederação dos Estudantes de Cuba, foi um dos fundadores da Liga Anticlerical, não anti-religiosa.

Havia um membro do Comité Central do Partido Comunista Mexicano, chamado Flores Magón, que estando em Cuba como representante da III Internacional (comunista) propôs que os grupos comunistas cubanos fizessem um congresso, o que veio a acontecer em 16 de agosto de 1925. Assim se fundou o primeiro Partido Comunista de Cuba e se elegeu seu primeiro Comité Central. Entre esses fundadores estava Mella.

Mella já era figura conhecida nacionalmente, não só nos meios estudantis, mas também operários e de trabalhadores rurais. Sua presença em Camaguey e Oriente testemunham a amplitude de seu raio de ação.

Em 20 de maio de 1925 ocupou a presidência da República Gerardo Machado. Desde cedo o governo de Machado assumiu caráter repressivo. Ele ilegalizou o Partido Comunista e a FEU e expulsou Mella da Universidade. Os direitos conquistados pelos estudantes em 1923 eram ameaçados. Havia agitação no estudantado. Em 26 de novembro de 1925, Mella falou aos estudantes na habitual tribuna do Pátio dos Lauréis. No dia seguinte foi preso. Foi seu último discurso na sua querida colina.

Em 1926 incorporou-se no Partido Comunista Mexicano e foi membro de seu Comité Central. Trabalhou com a Liga Anti-imperialista das Américas e de quantas atividades importantes teve ao seu alcance, entre elas o apoio a Augusto César Sandino no seu enfrentamento ao imperialismo na Nicarágua, e aos revolucionários venezuelanos, e a denúncia e condenação ao fascismo italiano e do imperialismo ianque. Escreve em numerosos meios de imprensa tais como Cuba Libre, órgão da Associação dos Novos Emigrados Revolucionários Cubanos, fundada por Mella e Leonardo Fernández Sánchez no México em 1927, e no El Machete.

Em fevereiro de 1927 viajou a Bruxelas para participar do Congresso Mundial Contra a Opressão Colonial e o Imperialismo. Depois foi a Moscou e participou do congresso da Internacional Sindical Vermelha.

No México, como membro do Comité Central do Partido Comunista, participava em todas as ações a favor da nacionalização do petróleo, a reforma agrária, as lutas dos mineiros. Mas sentia que seu dever prioritário era reincorporar-se à luta no seu país. Estava a preparar uma expedição para regressar a Cuba e unir-se à luta armada quando, na companhia de Tina Modotti, sua companheira sentimental nos últimos quatro meses de sua vida, foi assassinado a tiros por esbirros a soldo do tirano Machado em 10 de janeiro de 1929. Conta-se que as suas últimas palavras foram: “Morro pela revolução!” O sonho de uma expedição que zarpasse do México para iniciar a luta armada e conquistar o triunfo da revolução popular só se concretizaría 27 anos depois, por outro destacado dirigente estudantil revolucionário, Fidel Castro Ruz, o novo Mella, como o qualificou o dirigente juvenil comunista cubano Flávio Bravo Pardo.

Mas Mella foi não só um grande organizador, o homem de ação, mas uma inteligência perspicaz que deixou em seus trabalhos profundas interpretações que merecem ser estudadas.

Mella é o grande precursor da ação revolucionária do século 20 cubano. Ele é o vínculo histórico entre Martí e Fidel.

O nome de Mella foi dado à revista da Juventude Socialista cubana que, na luta clandestina contra a última tirania de Batista, e nos primeiros tempos do triunfo revolucionário de 1959, serviu de guia à juventude revolucionária cubana.