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26 de Julho de 1953 O Moncada ilumina o destino de Cuba

Cheia de forças e de energia renovada, a Revolução Cubana comemora o 67º aniversario do assalto a Moncada, num ano carregado de desafios e tensões, ao que se acrescentou o desafio extraordinário da pandemia da qual nos estamos a recuperar

Foto: Archivo Granma

A firme vontade de vencer propicia chegar com orgulho e optimismo a esta data, que vamos comemorar com a prudência requerida diante da situação sanitária.

Com a fé colocada na bondade e grandeza do que foi criado, voltou a prevalecer a unidade do povo cubano, a solidariedade e a disciplina no cumprimento da estratégia aprovada pelo Partido, e conduzida pelo Governo e pelos Conselhos de Defesa, no qual foi determinante a fortaleza de um sistema de Saúde articulado a partir da comunidade, a participação da sabedoria científica acumulada na tomada de decisões, o trabalho das organizações de massa e o acompanhamento oportuno dos nossos meios de comunicação.

Enfrentamos este cenário a partir da obra exemplar de Fidel, quem nos formou com uma vocação humanista e nos deixou como legado esse caudal todo de forças integradas e instituições e profissionais que voltaram a demonstrar a entrega digna e a capacidade comovedora da Cuba socialista.

Tudo aquilo que foi vivido é suficiente para ratificar que o dia 26 de Julho marcou o início de uma nova etapa na história cubana. Aqueles que não deixaram morrer as ideias do Apóstolo com esse colossal ataque à segunda fortaleza militar de Cuba, junto ao quartel Carlos Manuel de Céspedes, em Bayamo, reconheceram que nunca tinham suspeitado, quando na manhã de Santa Ana se propuseram derrotar a tirania de Batista, ter chegado até estes dias, após mais de seis décadas de luta continuada nem sequer quando, cumprindo a ordem do Comandante-em-chefe, entraram triunfantes em Santiago de Cuba, no 1º de Janeiro de 1959, exactamente cinco anos, cinco meses e cinco dias depois de Moncada.

Esses jovens de espírito diferente, com o amor puro de filhos e o desinteresse de heróis, tornaram a sua a causa dos mambises, que em 1868, com Carlos Manuel de Céspedes à frente, iniciaram a guerra contra o jugo espanhol; tal como não abriram mão do ideal de Antonio Maceo e Máximo Gómez, com os que José Martí retomou em 1895 a guerra libertária, até que a vitória fosse usurpada com a intervenção norte-americana.

Nem sequer nessas difíceis circunstâncias se apagou a chama redentora, levada no alto por figuras da categoria de Carlos Balino, Julio Antonio Mella, Rubén Martínez Villena, Antonio Guiteras e Jesús Menéndez, entre outros muitos que não se resignaram a viver com semelhante afronta.

Esse foi o afã que motivou a Geração do Centenário, sob a condução de Fidel, a atacar os quartéis, em 26 de Julho de 1953, disposta a não mais tolerar, quando se completavam cem anos do nascimento de José Martí, os crimes e abusos de uma tirania sangrenta, totalmente subordinada aos interesses dos Estados Unidos.

Depois do revés militar e do vil assassinato de muitos dos seus irmãos de luta, conseguiram sobrepor-se aos vexames da prisão, e converteram essa etapa numa

 

 

Quartel de Moncada

aprendizagem fecunda. Também não puderam descansar no exílio no México, onde prepararam a próxima e decisiva etapa da batalha, após desembarcar no iate Granma.

Também suportaram o duro golpe em Alegría de Pío e se organizaram na Serra Maestra para começar a contenda guerrilheira do nascente Exército Rebelde, cujo Comandante-em-chefe, com sua indiscutível liderança, soube forjar a unidade de todas as forças revolucionárias e conduzi-las à vitória de 1º de Janeiro de 1959.

Iniciava-se então outra etapa que abalaria os alicerces da sociedade cubana. As palavras premonitórias de Fidel, expressas em 8 de Janeiro, por ocasião de sua chegada a Havana, não demoraram a tornar-se realidade: «A tirania foi derrotada, a alegria é imensa, mas, contudo, ainda resta muito por fazer…».

A Revolução herdou um quadro de desgoverno, corrupção, analfabetismo, prostituição, misérias e desigualdades. Em A História me Absolverá, Fidel denunciou com estatísticas que não admitiam contestação, a dramática situação de nosso povo, passados 55 anos da intervenção norte-americana.

A partir do cumprimento do programa de Moncada, o povo foi dono das terras, das indústrias e as moradias, foi alfabetizado e foram construídas escolas e universidades, prepararam-se médicos para Cuba e o mundo e foram lançadas as bases para democratizar os espaços de criação, difusão e acesso à cultura. Na essência, tornou-se realidade o profundo anseio de José Martí, que preside a nova Constituição, do culto dos cubanos à dignidade plena do homem.

A Revolução, tal como expressou o primeiro secretário do Comité Central do Partido, general-de-exército Raúl Castro Ruz, pôs fim a vários mitos, entre eles o de que não era possível construir o socialismo numa pequena Ilha a 90 milhas dos Estados Unidos. Uma Revolução que não foi consequência de um confronto internacional, que não se limitou à substituição de um poder por outro, mas que dissolveu a maquinaria repressiva do regime ditatorial e lançou as bases de uma sociedade nova, bem como que construiu um exército que é o povo fardado e elaborou, para se defender, sua própria doutrina militar, a da guerra de todo o povo.

Numa compreensão que pode ser mais profunda, é impossível esquecer os heróicos sacrifícios perante a longa lista de factos que teve que enfrentar, como o fomento e organização do terrorismo de Estado, mediante a sabotagem e o banditismo fomentado pelo Governo norte-americano; a ruptura das relações diplomáticas por parte de todos os países latino-americanos, com a honrosa excepção do México; a invasão pela Baía dos Porcos; o genocida bloqueio económico, comercial e financeiro; a campanha de difamação na mídia contra o processo emancipador e seus líderes, especialmente contra Fidel, alvo de mais de 600 planos de atentados; a Crise dos Mísseis, em Outubro de 1962; o sequestro e ataques a embarcações e aeronaves civis e as canalhadas que provocaram, até agora, o terrível saldo de 3.478 mortos e 2.099 incapacitados.

Estes últimos 62 anos estiveram marcados, singularmente, pela luta incessante contra os desígnios de 12 administrações estadunidenses, que não abriram mão dos seus propósitos de mudar a ordem política, económica e social que temos escolhido; apagar o exemplo de Cuba na região e no resto do mundo, e restaurar o domínio imperialista sobre nosso arquipélago.

Também recebemos o abraço nobre e generoso de muitos povos irmãos, oferecendo, ao mesmo tempo, a nossa solidariedade em diferentes regiões, tanto nas gloriosas missões internacionalistas, como nos programas de colaboração médica, educacional, desportiva e noutras esferas, dando valor à altura do amor de José Martí para a humanidade.

O povo heróico de ontem e de hoje, orgulhoso de sua história e da sua cultura nacionais, foi se curtindo em difíceis fronts, e soube fazer muito com muito pouco, sem esmorecer. Prova disso foi a sua tenacidade e a sua inabalável firmeza durante o ‘período especial” ao que fomos submetidos, em consequência do desaparecimento do bloco socialista e da União Soviética, no meio da onda de incerteza e desmoralização que esses acontecimentos dramáticos geraram em boa parte das forças progressistas.

Quando ninguém no mundo tinha apostado na sobrevivência da Revolução, este povo resistiu e demonstrou que se pode mesmo, sem fazer concessões nos seus princípios éticos e humanitários, e mereceu o apoio inestimável dos movimentos de solidariedade, que nunca deixaram de acreditar no exemplo que emana da actuação da nossa gente.

A história colocou os factos e os protagonistas no seu lugar, apesar de que a extrema direita da Flórida teime em acirrar a política dos Estados Unidos contra Cuba, para beneplácito das forças mais hostis daquele governo.

No intuito de provocar rupturas entre as gerações e a incerteza, com o fim de desmontar o socialismo por dentro, também se esforçam em vender aos mais jovens as supostas vantagens de prescindir das ideologias e da consciência social.

Temos dado provas suficientes de que nós defendemos o socialismo, porque acreditamos na justiça, no desenvolvimento equilibrado e sustentável, na solidariedade e na democracia do povo e não no poder do capital; repudiamos as manifestações de discriminação e combatemos o crime organizado, o tráfico de drogas, o terrorismo, o tráfico de pessoas e todas as formas de escravidão e defendemos os direitos humanos de todos os cidadãos.

Cuba não somente trava grandes batalhas no campo das ideias, como além disso enfrentamos os problemas associados à crise mundial, talvez a mais aguda que tenha vivido a humanidade a partir desta pandemia, ao que se acrescenta como invariável pano de fundo a reforçada agressividade do Governo dos Estados Unidos, que promove acções sistemáticas para travar o desempenho da economia nacional e asfixiar o povo.

Com o conjunto de medidas concebidas para enfrentar as condições atuais da economia nacional e, sobretudo dinamizá-la, cresce o desafio de compreender os alcances dessa transformação norteada, além do mais, à defesa da soberania e a exploração de caminhos rumo ao desenvolvimento.

Apesar dos inimigos e dos manipuladores, apesar daqueles que ainda não entendem, o povo cubano fará valer, mais uma vez, tal como naquele histórico 26 de Julho, a suprema fortaleza da sua espiritualidade, na busca incansável de um melhor país. Esta herança comovedora, que marca os nossos passos desde o fervor que concita, também ilumina o porvir de nossa Revolução, dona de uma força arrasadora na perseguição de um ideal, da defesa infinita da justiça e da beleza colectivas.

Quando a gesta do Moncada é presença vivente na memória e no alento renovado, Cuba conta com toda sua gente e, muito especialmente, com a sabedoria e a força apaixonada dos seus jovens, nos quais existe o fulgor perene daqueles que à sua idade, souberam derrubar os muros da ignomínia para enaltecer a alma da Pátria.

Autor: Granma | internet@granma.cu

Julho, 2020

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