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Centenário de um grande poeta: Eliseo Diego

A 2 de Julho de 1920 foi um grande dia para Cuba: nasceu um dos maiores poetas da sua história. Eliseo Diego ia ter uma infância tranquila na sua natal Havana, e cresceria até se converter naquilo que é: uma figura capital das letras cubanas, das latino-americanas e da língua espanhola

 

Foto: Mario Ferrer

 

Começou pela narrativa com En las oscuras manos del olvido (1942), integrando já o famoso grupo da revista Orígenes, liderado por sua figura destacada, José Lezama Lima, quem enalteceu esse livro devido à prosa prístina, ordenada e de real beleza, própria de quem, só uns anos depois, ofereceria em plena juventude biológica uma obra essencial da poesia cubana: En la Calzada de Jesús del Monte (1949), que continua a oferecer desfrute e ensinamentos. É um prazer imenso começar a ler o primeiro verso: Em La Calzada mais bem enorme de Jesús del Monte. Parece que nos vai introduzir num conto de fadas, para prosseguir:onde a demasiada luz forma outras paredes com a poeira / cansa meu principal costume de lembrar um nome… Este livro tornou-se lendário. Uma das ruas de Havana, hoje chamada 10 de Octubre, atingiu o privilégio de uma ode, de um hino à sua populosa existência.

Eliseo nunca deixo de escrever uma excelente prosa, cheia de surpresas da pincelada exacta, como sua própria poesia. Divertimentos (1946) foi o seu segundo livro de relatos, e também foram Versiones (prosa poética) (1970) e Noticias de la Quimera (1975), para voltar a seduzir-nos com a sua graça expressiva. Mas a poesia é o seu âmbito de maior realeza, de ressonâncias singulares. Poeta do detalhe, o seu trabalho resulta um nomear as coisas a partir das suas intimidades, com desejo reiterado de que as mesmas coisas vivam nos versos. Eliseo Diego é o maior poeta minimalista de Cuba, capaz de se deter no mínimo para ver nisso a imensidade do universo.

O grande poeta chega agora ao seu centenário. Honra de Cuba, o facto não pode passar sem a necessária reverência a quem nos oferece a honra da qualidade de sua obra, a daquele que com seu olhar agudo nos disse: A luz / em me país resiste a memória / como o ouro ao suor da cobiça, / perdura entre si mesma, ignora-os / a partir do seu alheio ser, de sua transparência.

(notas extraídas de artigo do Autor: Virgilio López Lemus)

Julho, 2020

 

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