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Iván Duque, com que autoridade moral?

A Colômbia está mergulhada numa virtual guerra suja contra as forças esquerdistas naquele país sul-americano. Somente nos últimos três meses, 120 líderes sociais e 92 ex-guerrilheiros do FARC-EP foram mortos desde a assinatura dos Acordos de Paz em Havana

Autor: Elson Concepción Pérez | internet@granma.cu

Agosto 2019

 

Foto: HTTPS//WWWLAPATILLA.COM

 

Jorge Corredor González, vulgo ‘Wilson Saavedra’, um dos ex-líderes das FARCs-EP, foi morto em 14 de maio de 2019, enquanto almoçava num restaurante no departamento de Valle de Cauca, Colômbia.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, viajou a Lima, Peru, para fazer um coro e atacar — mais uma vez — a Venezuela, por conta do relatório apresentado pela chilena Michelle Bachelet sobre a situação dos direitos humanos.

Um relatório do jornal El Espectador, destaca as seguintes palavras do presidente colombiano em Lima: «Espero que agora com este resultado do relatório de Michelle Bachelet, o Tribunal Penal Internacional (TPI) possa rapidamente, não só abrir a investigação, mas ter provas contundentes para adiantar um julgamento e que um ditador que acabou com o povo venezuelano receba seu castigo». E como geralmente acontece com esses personagens, resmungando para si mesmo, acrescentou: «posso falar com autoridade moral porque fui o primeiro, três anos atrás, a denunciar Maduro perante o TPI».

Se fosse desmembrar as suas palavras, seria o suficiente para eu manter essa «autoridade moral», embora em vez de inventar «palha» aos olhos dos outros, deveria — pelo menos — preocupar-se com a espiral de violência no seu país, onde 120 líderes sociais foram mortos nos últimos três meses, e entre Janeiro e Novembro do ano passado, morreram 226.

O governo colombiano fará algo para deter o massacre e favorecer os Acordos de Paz com a guerrilha das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARCs-EP), convertidos por obra e graça do presidente, num documento sem aplicação? Será que os assassinatos de ex-guerrilheiros das FARCs terão uma resposta, dos quais, somente após a assinatura do Acordo de Paz, 92 já foram mortos?

A questão da terra, principal reivindicação dos camponeses e dos seus líderes comunais e sociais, priorizada pela guerrilha e reflectida nos Acordos, é uma das principais tarefas pendentes que o governo colombiano tem com o seu povo, mas também não as lembra. Não raramente, os camponeses colombianos pediram ao presidente Duque que realizasse um diálogo para solucioná-lo e impedir a onda de linchamentos de líderes sociais, mas ele continua muito preocupado com a suposta «situação dos direitos humanos na Venezuela» e ignora outras reivindicações internas.

Por acaso a morte de líderes sociais e comunitários nos campos colombianos não tem nada a ver com o respeito e a protecção dos direitos humanos naquela nação?

Agosto 2019

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