A nossa Constituição define no preâmbulo a convicção de que Cuba nunca voltará ao capitalismo e que só no socialismo e no comunismo o ser humano atinge a plena dignidade
Autor: Raúl Antonio Capote | informacion@granmai.cu
Julho 2019
Foto: Arquivo do Granma
Estamos no caminho que escolhemos e defendemos: o socialismo.
O socialismo se parece com o homem, assim como o fascismo é a negação do homem. O socialismo é «o caminho» não isento de erros para o comunismo, é um caminho de justiça cheio de obstáculos, marcado por desafios, retrocessos e avanços. «Na construção socialista, planejamos a dor de cabeça que não a torna escassa, mas pelo contrário. O comunismo será, entre outras coisas, uma aspirina do tamanho do Sol».1
O capitalismo procura semear a falta de fé no ser humano, exalta o cinismo, o ego reverenciado, como Ayn Rand definiu o homem ideal do capitalismo: «Enquanto o criador é egoísta e inteligente, o altruísta é um imbecil que não pensa, não sente, não julga, não age».2
Antes da Revolução Francesa, houve uma profunda batalha de ideias na Europa, antes das revoltas revolucionárias, uma nova maneira de ver o mundo abriu o caminho. O Iluminismo plantou a semente que propiciou a Revolução. Um consenso foi criado em toda a Europa, emergiu uma Internacional espiritual burguesa. «Toda revolução foi precedida por um intenso trabalho de crítica, de penetração cultural, de permeação de ideias”.3
Se a nossa maneira de ver o mundo é marcada pela axiologia do capitalismo, se o nosso princípio básico ainda é ter, a todo o custo, acima do ser humano, se o egoísmo é o sinal que move nossas vidas, se vemos a miséria como um tipo de fatalismo e a sociedade dividida em classes como algo natural e imutável, se não temos fé no ser humano e em sua capacidade de entrega, em seu altruísmo, do que estamos falando?
Não é com os mísseis, não é com exércitos, não é com forças policiais apenas com o que os poderosos garantem o domínio, as defesas do capital estão no inconsciente dos indivíduos e são mais poderosas do que a arma mais moderna desenvolvida pelo complexo militar industrial. Elas fazem com que os dominados ajam contra seus interesses e defendam os governos que os oprimem. É difícil libertar-se do sonho narcótico do consumo e do individualismo atroz.
O sistema de educação do capitalismo é projetado para treinar o homem do capitalismo. Exalta a competição, a falta de solidariedade, o individualismo. «A classe que tem os meios de produção material tem, ao mesmo tempo, os meios de produção ideológicos».4
Na sociedade capitalista, o homem vive uma ilusão de liberdade, é uma mercadoria e entre mercadorias — pois esse é o homem do capitalismo — não pode haver solidariedade, mas sim competição.
A solidão de um homem esmagado pela maquinaria produtiva e do comércio é o sinal do capitalismo, é o ser humano alienado, submetido à violência da propaganda, sitiado dia e noite, cercado de cantos de sereia, manipulado e incentivado a comprar e comprar coisas às que, muitas vezes, não pode aceder, ou objectos dos que não está precisando. A situação do homem no capitalismo subdesenvolvido, depreciado totalmente seu valor mercantil, é ainda pior.
O medo natural do homem de se aventurar no mundo desconhecido da liberdade é astutamente explorado pelo capitalismo. O homem que descobre esse mundo tem duas opções diante da inquietação gerada por tal descoberta: ou retorna à calma perdida ou se declara livre e corre o risco de mudar o mundo e construir relacionamentos baseados no amor.
Nós, revolucionários, sonhamos, mas não vivemos nas nuvens. Nós sonhamos, mas nós construímos. Nós, revolucionários, devemos ser apaixonados, em movimento, envolvendo todos, revelando essa nova realidade no caminho, ensinando nossa doutrina baseada na possibilidade, na ciência e no amor à vida, aos seres humanos, à natureza. Nós devemos ser transformadores e rebeldes.
Marx descreveu a sociedade comunista como uma associação de indivíduos livres: «A única sociedade em que o livre desenvolvimento dos indivíduos deixa de ser uma mera frase» 5, no comunismo, o livre desenvolvimento de cada um será a condição para o desenvolvimento livre de todos.
A nossa Constituição define no preâmbulo a convicção de que Cuba nunca voltará ao capitalismo e que só no socialismo e no comunismo o ser humano atinge a plena dignidade.
O artigo um da Constituição afirma claramente que Cuba é um Estado socialista de direito e justiça social, democrático, independente e soberano, e o 5º artigo reafirma que é o Partido Comunista de Cuba, único, martiano, fidelista, marxista e leninista, a vanguarda organizada da nação, a principal força política da sociedade e do Estado que organiza e orienta os esforços comuns na construção do socialismo e o avanço rumo à sociedade comunista.
Estamos no caminho que escolhemos e defendemos: o socialismo com seu passado e sua gênese do futuro. O socialismo como caminho para o domínio da plena realização humana, a sociedade do bem-estar, do bem viver, não apenas pelos níveis alcançados de justiça e equidade, mas também pelos altos índices de desenvolvimento, fruto dos avanços das ciências, da tecnologia, dos meios de produção e das forças produtivas, desencadeadas, livres, altamente qualificadas: a sociedade comunista.
1 Roque Dalton: Sobre dolores de cabeza.
2 Ayn Rand: El manantial. Editora Grito Sagrado, Buenos Aires, Argentina, 1993, pp. 145-146.
3 Compilação de Gerardo Ramos e Jorge Luis Acanda: Gramsci e a filosofia da praxe. Editora Ciencias Sociales, Havana, 1997, pp.106-107.
4 N. Ivanov, T. Beliakova, E. Krasavina: Karl Marx, sua vida e sua obra, Godley Books, United, Kingdom, 2011.
5 Karl Marx, Friedrich Engels: A Ideologia Alemã, In: MECW. Vol. 5, p. 439.