Skip to content Skip to footer

Artigo de Pasqualina Curcio (Economista)

Em 1972, na ONU, Allende disse: “É muito mais doloroso ter que chegar a esta plataforma para denunciar que meu país é vítima de uma grave agressão. O imperialismo e sua crueldade têm uma longa e sinistra história na América Latina, somos vítimas de uma nova manifestação do imperialismo. Mais subtil, mais artístico e terrivelmente eficaz, para impedir o exercício dos nossos direitos de Estado soberanos. Essa asfixia financeira de projecções brutais resultou numa severa limitação de nossas possibilidades de fornecimento”.

Poucos o escutaram.

Um ano depois, em 1973, bombardearam La Moneda. Pinochet assumiu a presidência e iniciou a mais sangrenta das ditaduras.

Dois anos depois, em 1975, senadores do Congresso dos EUA demonstraram que a CIA participara do golpe de Estado. Concluíram que eles derrubaram um governo democrático para estabelecer uma ditadura.

Meio século depois, 2019, é ainda mais doloroso denunciar que o meu país, a Venezuela, é vítima da mesma agressão grave.

Vivemos numa situação económica e política, que sem se tornar uma crise humanitária, se caracteriza pela dificuldade em adquirir remédios e alguns alimentos, além do acelerado aumento de preços. As causas são as medidas coercivas unilaterais e ilegais do imperialismo e os ataques à nossa moeda que até hoje nos causaram perdas de mais de 110 bilhões de dólares, o equivalente a 30 anos de alimentos e remédios para o nosso povo.

Como no Chile, fomos vítimas de actos fascistas e terroristas. Recentemente, sofremos um apagão criminoso que deixou os 30 milhões de venezuelanos sem electricidade, água, combustível e comunicação por 4 dias. Blackout semelhante ao sofrido pelo povo chileno em 14 de agosto de 1973. Não é coincidência.

Sra. Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, os venezuelanos não precisam de ajuda humanitária. Exigimos que o imperialismo levante o bloqueio financeiro e comercial, pare o ataque à nossa moeda e pare os actos terroristas contra o nosso povo.

Nós exigimos justiça.

Reconhecer que essas acções e manifestações do imperialismo são crimes contra a humanidade seria um passo importante para a estabilidade e a paz mundial.

A este respeito, a ONU tem, há décadas, uma grande dívida.

Leave a comment