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Minrex abre canal de porta-vozes pelo programa Mas Médicos

A funcionária do MINREX noticiou as últimas informações a propósito da actual conjuntura em que nosso país tomou a decisão de não continuar participando do Programa Mas Médicos para o Brasil

 

Autor: Cubaminrex | internet@granma.cu

Novembro 2018

 

Photo: Cubaminrex

 

Agradeço e cumprimento todos aqueles que assistem ao canal Youtube do nosso Ministério. Temos criado este espaço para vos oferecer informação a propósito da actual conjuntura em que o nosso país tomou a decisão de não continuar a participar no Programa “Mas Médicos para o Brasil”. A partir dessa decisão começou o processo de retorno dos nossos profissionais da saúde.

Em primeiro lugar quero referir-me à decisão, informada pelo Ministério de Saúde Pública de Cuba, no passado 14 de Novembro que, como foi explicada, responde às declarações directas, depreciativas e ameaçadoras do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, relativas à presença dos nossos médicos nesse país, garantindo que modificaria os termos e as condições do Programa Mas Médicos.

Essas declarações que o Presidente eleito tem reiterado quase todos os dias, desde 14 de Novembro, questionam o nível profissional dos nossos médicos e condicionam a permanência no programa à revalidação do título e à contratação individual.

Desejo assegurar que nenhum membro da equipe de transição tem informado ao Ministério de Saúde Pública de Cuba o interesse de ter uma troca de ideias sobre o Termo de Cooperação vigente, o que indica que o propósito do presidente eleito não é manter o programa, mas eliminá-lo.

Durante anos, o presidente eleito, desde sua bancada parlamentar, encarregou-se de criticar e propor medidas contra o Programa “Mas Médicos para o Brasil”, sobretudo, contra os médicos cubanos.

Resultado curioso que o presidente eleito agora se preocupe pela família dos médicos cubanos, quando em 2016, sendo ele parlamentar, introduziu uma proposta de emenda no intuito de impedir, custasse o que custasse, que familiares dos médicos pudessem assentar-se no Brasil, para desse jeito procurar que os médicos cubanos se retirassem.

Evidentemente, o presidente eleito, com suas contradições, demonstra que na verdade deseja terminar com a presença dos profissionais cubanos e com o Programa Mas Médicos. Por exemplo, é uma contradição no seu discurso que, por um lado exige aos médicos um teste para demonstrarem sua competência e habilidades para trabalharem no Brasil e, ao mesmo tempo, sem exigir esse teste, nem evidências de tipo algum, anuncia que outorgará asilo político automático a todos os médicos cubanos.

É um comportamento pouco sério e preocupante para as nossas autoridades e para o nosso pessoal médico.

Não podemos confiar que os nossos médicos fiquem em segurança nesse ambiente pleno de incertezas, com um governo de duvidoso profissionalismo e que não deseja manter este humanitário programa, pleno de formosas histórias de vida.

Ou seja, para continuar a trabalhar, Bolsonaro exige aos nossos médicos um teste; e para o show político lhes oferece um cheque em branco, sem se importar então se é um profissional qualificado.

O presidente eleito quer modificar as condições do programa, na verdade para dar cabo dele, como já disse o seu nomeado Ministro da Saúde, que considerou o programa, que tantos benefícios trouxe para o Brasil, como um projecto de proselitismo político ligado a um partido, o que negamos rotundamente e fica demonstrado com a nossa permanência após o golpe à Presidente Dilma Rousseff.

Acho que é preciso fazer um pouco de história.

Em Setembro de 2016 Cuba afirmou que os nossos médicos permaneceriam no Programa enquanto fossem cumpridas as condições pactuadas pelas partes.

Cuba cumpriu com sua palavra e os colaboradores permaneceram prestando serviços apesar da nossa posição relativamente às novas autoridades.

Portanto, desminto igualmente as insinuações que atribuem a presença de médicos cubanos dentro do programa a preferências políticas ou ideológicas com algum partido.

O primeiro convénio foi subscrito efectivamente em 2013 com o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) e o segundo foi subscrito com o governo dos partidos do Movimento Democrático Brasileiro e da Social Democracia Brasileira.

Nunca um médico cubano perguntou de que partido era um brasileiro quando recorreu à sua consulta.

Nunca um médico cubano se importou com o partido político a que pertencia a autoridade de saúde que o dirigia.

De facto, posso garantir que em muitos casos, prefeitos e governadores de partidos de tendências políticas de direita, acolheram com muita hospitalidade e ofereceram apoio total aos nossos profissionais.

E por quê? Porque os nossos médicos são mais do que médicos, são seres humanos que saram e curam as pessoas que precisam disso, em qualquer parte do mundo.

Também desejo hoje informar que desde que iniciou o regresso dos profissionais cubanos, que começou no passado 22 de Novembro, já estão em Cuba mais de um milhar de médicos, residentes nas 15 províncias de Cuba e no município especial Ilha da Juventude.

Nos seus lugares de residência foram recebidos por seus familiares, vizinhos e autoridades, como demonstração do apreço ao trabalho humanitário e altruísta que vinham desempenhando.

Os médicos cubanos têm permanecido a trabalhar nos seus postos até ao último momento possível.

Acabo de ler o testemunho do Dr. Arnaldo Cedeño Núñez, da província de Granma, que desde 2016 atendia as crianças indígenas da etnia Apalai Waiana no Brasil.

Arnaldo já está em Cuba e trouxe as melhores lembranças da missão que cumpriu. Ele conta que conseguiu um relacionamento inesquecível com essas crianças, que as atendeu com todo seu amor, que lhes ensinou a dançar e a cantar, a que entendessem nossa cultura.

Isso só é feito por nossos médicos. Com eles estão a chegar a Cuba nesses dias milhares de histórias que vale a pena partilhar.

A maioria dos nossos profissionais está a despedir-se com carinho e tristeza das autoridades locais de saúde, autoridades administrativas e políticas e, sobretudo, pelo povo brasileiro que recorria a suas consultas.

Não acho que Bolsonaro conheça histórias como estas. Convidamos a imprensa brasileira e internacional a que se aproxime dessas histórias para compreender que os mais afectados são os milhões de brasileiros que podiam dispor de atendimento graças aos médicos cubanos.

Agora passamos a responder algumas das perguntas recebidas através da caixa de correio vocero@minrex.gob.cu (link sends e-mail), um correio eletrónico que colocamos ao dispor dos média.

– A primeira pergunta que responderemos colocada por vários orgãos de comunicação é se Cuba é autora do Programa Mas Médicos.

Desminto rotundamente que tenha sido Cuba a autora do Programa Mas Médicos, como pretendeu fazer ver um jornal brasileiro.

O Programa Mas Médicos para o Brasil é uma criação do governo de Dilma Rousseff, preocupado por resolver as necessidades de atenção básica de saúde de milhões de brasileiros residentes em zonas rurais, na Amazónia, em comunidades indígenas em lugares de risco aos quais outros médicos não iam.

Ir para esses lugares, onde não existiam serviços de atendimento primário ou não fora visto um médico em toda a história, foi sim uma posição defendida por Cuba nas negociações.

Portanto, nego as informações de certos meios de comunicação que têm apresentado que a cooperação foi uma iniciativa de Cuba com o propósito de obter lucros.

Cuba tem promovido e promove a colaboração médica e a exportação de serviços médicos. Nesse contexto geral, efectivamente, Cuba explorou as vias para estabelecer no Brasil relações de benefício mútuo na área da colaboração económica.

Contudo, a solicitação de que médicos cubanos prestassem serviços no Brasil de forma maciça e estendida pelo país todo, partiu da impossibilidade de cobrir as vagas disponíveis nos municípios ligados ao Programa com médicos com registo no Brasil, com médicos brasileiros com registo no exterior e com médicos de outros países. Nessa ordem estrita foi feita a selecção dos profissionais no programa.

Nas análises que foram feitas no Brasil, o processo de formação de um médico e posterior contratação nas comunidades carentes, seria bem dilatado. Portanto, recorreu-se à contratação de médicos de outros países, numa convocatória aberta e estendida a qualquer profissional de qualquer país. Nesse processo, o Brasil solicitou, reitero, o Brasil solicitou a cooperação de Cuba.

– Recebemos também o interesse da repórter da TV Globo Geiza Duarte solicitando pormenores sobre o número de médicos que tem retornado a Cuba.

Nesse sentido posso confirmar que até o momento regressaram ao nosso país, em 7 voos, 1 540 colaboradores cubanos procedentes do Brasil.

– Aproveito esta oportunidade para responder a vários meios que solicitaram entrevistar nossos médicos antes de que voltem a Cuba.

A esse respeito informamos que os interessados podem entrar em contacto com nossa Embaixada em Brasília, através do correio electrónico embacuba@uol.com.br (link sends e-mail)

Nossos colegas estão na melhor disposição de apoiar esses pedidos.

Estamos tomando providências para que a imprensa tenha acesso aos especialistas cubanos e conheçam em primeira mão as suas impressões, vivências, os sentimentos que os acompanham neste momento; o carinho para com o povo brasileiro e sua preocupação pelos milhões de pessoas que ficam sem atendimento médico.

– Respondemos agora a Erica Fernanda que desde o Brasil se interessa pela reacção de Cuba perante os pronunciamentos do presidente eleito Jair Bolsonaro e sobre o apoio que oferece a nossa Embaixada e as autoridades cubanas aos profissionais que estão retornando ao país.

Reiteramos a posição de Cuba de que as declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro são inaceitáveis e desrespeitosas.

O profissionalismo e o altruísmo dos colaboradores cubanos são inquestionáveis. Em 55 anos, mais de 400 mil trabalhadores da saúde têm cumprido 600 mil missões internacionalistas em 164 nações. Cifras como essas falam por se sós do grau de preparação e entrega dos especialistas cubanos da saúde.

Relativamente à segunda questão o governo cubano iniciou um retorno ordenado do pessoal médico, com todas as garantias para os colaboradores e sua segurança.

– Desde Telesul o correspondente Rolando Segura, a partir da posição do presidente eleito Jair Bolsonaro, pergunta: como avalia o governo cubano essa politização do tema saúde para mais de 30 milhões de brasileiros em zonas de baixa renda e inóspitas?

Sobre esse tema, como referi em minhas declarações iniciais, consideramos a posição do presidente eleito Bolsonaro contraditória e pouco séria. É evidente que Bolsonaro ajustou seu discurso em função de sua conveniência política e não dos interesses do povo brasileiro.

São incontáveis os exemplos que demonstram que Cuba não faz política com a saúde de povo algum. Os nossos médicos lamentam que mais de 30 milhões de brasileiros de baixos recursos, não possam continuar a receber a atenção que eles lhes estiveram oferecer.

Com estas perguntas fechamos a transmissão. A caixa de correio vocero@minrex.gob.cu (link sends e-mail) fica em aberto para que coloquem as suas dúvidas. Convidamo-lo a que se conecte de novo na próxima quarta-feira 28 de Novembro. Responderemos às suas interrogações.

Em breve estarão disponíveis as versões desta transmissão em português e inglês.

 

Dezembro 2018

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