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Díaz-Canel à Telesur: O que queremos é construir um país melhor, um mundo melhor

Por: Randy Alonso Falcón

17 de Setembro de 2018

 

O Presidente Cubano confessa que começa as manhãs a ler Cubadebate e as opiniões que o povo dá no nosso portal digital.

Foi uma conversa amena e cheia de argumentos, na íntima sobriedade duma pequena sala do Palácio da Revolução, por onde tantas vezes caminharam Fidel e Raúl.

Patricia Villegas trazia uma pasta cheia de perguntas para o Presidente Cubano, das mais actuais às mais controversas. De Cuba aos Estados Unidos passando pela América Latina, do Presidente ao ser humano, decorreu a primeira entrevista que Miguel Díaz-Canel Bermúdez concede a um meio de comunicação, desde que assumiu a máxima responsabilidade estatal e de governo no nosso país.

Franqueza, sentido de trabalho colectivo, enorme compromisso com o povo, dimensão das complexidades que enfrenta e das forças com que conta, responsabilidade de manter a continuidade revolucionária, foi a impressão que deixou Díaz-Canel durante a quase hora e meia de diálogo fluído com a Presidente da cadeia multinacional TeleSur.

O maior compromisso é com o povo

Patricia Villegas abriu fogo, inquerindo sobre como sentia o Presidente nestes primeiros quatro meses de Governo. Díaz-Canel resumiu a intensidade de todos estes dias: “Foram meses de muita experiência”.

Disse que, a partir de 19 de Abril, começou a reflectir-se na direcção do Governo, no Conselho de Ministros, sobre as directrizes do discurso de Raúl daquele dia na Assembleia Nacional do Poder Popular, com o ânimo de as traduzir em elementos que reforçassem a vocação e condição do Governo do Povo e para o Povo, o que é o mesmo que dizer o Governo da Revolução.

Enumerou os quatro pilares que foram definidos para o exercício do governo, junto à exemplaridade dos quadros:

Que estejam com capacidade e com vocação para prestar contas ao nosso povo;

– Que mantenham uma relação, debate e diálogo permanente com a população e que se desloquem aos lugares de maior complexidade;

– Que sejam capazes de utilizar a comunicação social;

-Que conheçam a complexidade dos problemas que enfrentamos e procurem várias alternativas de solução, com ajuda da investigação científica.

Ao responder a outra pregunta sobre o estilo implementado de visitas a províncias, disse que o propósito é chegar, pelo menos, duas vezes por ano a cada território acompanhado pelo Conselho de Ministros para estar mais próximo do povo. Acresce a isto que a Assembleia Nacional e as suas comissões de trabalho também visitam as províncias, o que permite ter uma visão global do país.

Afirmou que ser imprescindível um diálogo honesto, transparente com o povo, procurar soluções para os problemas e justificar aqueles que não têm presentemente solução completa. Disse que conversa com os companheiros, que há problemas para os quais não temos solução imediata mas podemos ir corrigindo alguns aspectos de modo a que o problema não cresça mais, criando-se assim uma sinergia de solução. “Igualmente há problemas que podem resolver-se de imediato, mas há algum entrave burocrático que o impede”.

Assinalou que um dos objectivos que foram centrados é conseguir fortalecer a relação do Governo Central com os Governos Territoriais e Locais. Para tal foram dadas competências ao Primeiro Vice-presidente, detendo este uma estrutura para se relacionar com os governos de províncias e municípios e accionar a solução de problemáticas que ultrapassem os limites da competência destes.

“Creio que é muito importante criar em função das localidades, dos territórios. Por isso é muito importante a autonomia que se pretende dar aos municípios na nova Constituição”, sublinhou.

 

Gerar conteúdos frente às plataformas neocolonizadoras

Relativamente à comunicação, que insistiu ser uma prioridade do governo, o Presidente cubano fez notar que agora estamos em vias da implementação da Política de Comunicação Social, que não fica apenas nos meios habituais, antes se trata de prolongar uma cultura comunicacional, a qual tem que estabelecer também as bases do sistema electrónico. Este deve ser um instrumento, disse, para contactar com a população, para ser usado na tomada de decisões.

Questionado sobre as insatisfações com a imprensa cubana, Díaz-Canel assinalou que nas condições em que la imprensa cubana teve que fazer la comunicação, ela soube defender a Revolução com profissionalismo e eficiência, mas também temos enfrentado a apologia e o não reflexo de alguns temas. Temos que fazer coincidir a agenda pública com a agenda mediática, enfatizou. O Presidente cubano aludiu à necessidade de gerar conteúdos enaltecedores num mundo onde prevalecem as plataformas neocolonizadoras, desmobilizadoras. Insistiu na importância do uso das redes sociais e da criação de espaços comunicacionais para difundir as nossas ideias. “É una necessidade da Revolução”.

Revelou que pela manhã a primeira coisa que faz é ler Cubadebate  e as opiniões da população, além de outros meios.

 

O principal obstáculo ao nosso desenvolvimento

Na valorização que faz dos desafios que enfrentamos, Díaz-Canel foi enfático ao definir que o principal obstáculo ao desenvolvimento do país é o bloqueio do governo dos Estados Unidos, que qualificou como uma prática brutal, que procura condenar o nosso povo a morrer de necessidades, que viola o território e impõe normas nas relações do mundo com Cuba.

Lembrou que a sua geração, a dos nossos filhos e netos nasceram e cresceram debaixo do bloqueio e sublinhou a resistência heróica dum povo que soube sobrepor-se a esse obstáculo.

Sobre esta política hostil dos Estados Unidos contra Cuba desde há mais de meio século, fez notar que recrudesceu notavelmente com a actual administração, pelo que hoje, o fluxo de investimento do mundo para Cuba está sujeito a maiores pressões.

Perante a pergunta se tem maior impacto o bloqueio ou os nós internos que há que desatar, o presidente disse que não poucos os obstáculos subjetivos ligados a uma atitude defensiva em relação ao bloqueio, o que atrasa decisões sob preocupações se algo enfraquece o país ou se isso favorece a estratégia do inimigo.

Não somos uma ameaça para ninguém, o que queremos é construir um país melhor, um mundo melhor, o que temos é uma alta vocação para ter maior justiça social, a qual queremos acompanhar com prosperidade; e a principal ameaça para alcançá-lo continua a ser esse brutal bloqueio”, afirmou.

Noutro momento da entrevista afirmou que tudo seria mais favorável sem o bloqueio, porém estamos preparados para fazer as coisas no pior cenário.

 

A Constituição vai ser fortalecida com o debate popular

Perante diversas perguntas de Patricia Villegas sobre o novo Projecto de Constituição e o seu debate popular, Miguel Díaz-Canel enfatizou com elementos que estão entre os mais analisados ou são polémicos na visão do nosso povo ou do exterior.

Qualificou o Projecto constitucional como “uma análise responsável, objectiva, realista” da nossa sociedade actual e disse que corresponde às alterações económicas e sociais que temos vindo a experimentar a partir dos acordos do VI e VII Congressos do PCC, como as novas formas de propriedade e gestão no âmbito público, os passos dados na autonomia dos municípios, e outros.

Fez notar que o levantamento do bloqueio não depende de nós e, portanto, não devemos subordinar os nossos anseios de justiça social, de prosperidade e de avanço à acção de nenhum governo estrangeiro. “Dependemos dos nossos esforços, empenho, vontade”.

Opinou que a população reconhece o valor do texto constitucional apresentado e recordou que se esgotaram as três edições de jornais postas à venda. Informou que ele mesmo participou em seis assembleias de debate e viu as pessoas a participar, com os seus jornais cheios “anotações”. “O texto constitucional vai a ser fortalecido com este debate popular”.

Contou o que aconteceu num debate, em que participou, no qual um operário apresentou uma proposta de alteração de um parágrafo do projecto. Ele interveio para lhe fazer notar que, noutro artigo estava contida a sua proposta, ao que o trabalhador respondeu: “Estou de acordo com o que disse o Presidente e quero retirar a minha proposta”. E eu disse-lhe “não, deixa-a ficar, porque qualquer dúvida pode ser um alerta”. No dia seguinte em Cubadebate houve um comentário duma companheira que elogiava esse exercício de democracia”.

 

Não renunciamos ao comunismo

Inquirido sobre a ausência do termo comunismo na proposta de Constituição, Díaz-Canel respondeu que “se formos ao marxismo clássico, o modo de produção a que aspiramos é o comunismo. Portanto, comunismo e socialismo estão intimamente relacionados. Se se quer construir o socialismo, é porque se quer chegar ao comunismo”.

“Não o considero como uma renúncia. Considero que cada um dos dois termos (comunismo e socialismo) implica o outro”. Mas, explica, procuramos uma Constituição que esteja objectivamente mais certa do que é possível, que não deixa de ser uma Constituição socialista. Concebemos que actualmente estamos mais perto da construção do socialismo. Para alcançar o comunismo não dependemos unicamente do nosso país, dependemos sim da construção das suas bases a nível internacional.

Ironizou com o facto de que, quem mais se mostrou preocupado com a ausência do termo comunismo na Constituição, sejam os mesmos que, desde o exterior, questionaram permanentemente a Revolução Cubana pela sua projecção.

 

O Partido da Unidade

Sobre a existência de um único Partido, afirmou que “o tema do papel dirigente do Partido, a que não renunciamos e que é apoiado pela maioria do povo, corresponde a condições históricas”. Fez notar que o Partido Comunista, nas condições de Cuba, não é eleitoral.

Recordou que José Martí fundou o Partido Revolucionário Cubano, base do que hoje é o Partido Comunista de Cuba, para desenvolver a Revolução, um Partido que foi totalmente aberto e democrático, tanto para incluir os interesses da maioria, como para alcançar a unidade, sem dar lugar a rupturas.

“Quando tivemos divisões, quando na nossa história a unidade se fracturou, sofremos os reveses”, disse, dando exemplos dos fracassos sofridos nas nossas guerras libertadoras pela divisão das forças revolucionárias.

Recordou que a Revolução Cubana triunfou com a participação de diferentes forças e, após esta, Fidel conseguiu a convergência na unidade e a fundação do Partido Comunista. “Por isso, o PCC é um partido do povo para alcançar a unidade”.

Díaz-Canel afirmou que para o inimigo a principal aposta é fragmentar a nossa unidade e, nesse sentido, dirigem os seus planos subversivos fundamentalmente para a juventude.

 

Defendo que não haja nenhum tipo de discriminação

Instado pela jornalista e directora de Telesur, o mandatário cubano abordou dois dos temas que mais intervenções têm gerado nos debates.

Sobre o tema de limites da propriedade privada e da riqueza, o Presidente respondeu que “seria demasiado dizer que estou de acordo com tudo o que consta do Projecto, mas considero que é uma preocupação legítima que as pessoas se preocupem. Neste cenário, em que se incluem as relações de salário-preço e há pessoas que recebem certos rendimentos não necessariamente relacionados com o trabalho, o que é, para nós, algo escandaloso… é legítimo que se preocupem… Mas nós não pedimos a eliminação do artigo, mas sim que enfatizemos que a não concentração da propriedade e que acrescentem também a não concentração de riqueza.”

“Terá que se fazer agora um amplo exercício legislativo. Agora estamos a reunir os contributos de todos e a incluí-los na Constituição que deve ser um documento de carácter geral e orientador. Contudo falta ainda a contribuição do sector juvenil, que é muito importante, creio, sem qualquer dúvida, que é um tema em que nos devemos deter, não porque haja controvérsia, mas porque o consenso nos dirá “como limitar a acumulação da riqueza”.

Sobre a nova concepção de matrimónio que o Projecto de Constituição reconhece, o Presidente recordou que “o país foi mudando e nós não somos alheios a essas realidades. Há uma vontade emancipadora da Revolução, uma vocação humanista. Transformámos o pensamento, rasgaram-se muitos tabus que antes eram coisas muito rígidas. A juventude teve grande papel nisto, também o entende assim. Cada um tem as suas opiniões, mas também está aberto às opiniões da população. A história da Revolução demonstrou-nos que, sempre que submetemos os assuntos a debate popular, saímos fortalecidos”.

Reconheceu que existem opiniões contrárias que correspondem a tradições culturais, concepções e preocupações sobre temas como a adopção, responsabilidade em relação com as crianças. Mas defendeu a sua posição de apoio à proposta, a partir do princípio de eliminar qualquer tipo de discriminação na nossa sociedade. “Não deixemos espaço a nenhum tipo de discriminação”, disse.

Apelou também a uma actuação cidadania responsável na hora de votar o texto constitucional; evitando que, quem não veja a sua proposta incluída, não vote, porque se trata de um documento elaborado por todos. “”Devemos lembrar o que é mais importante para o país e o papel dos cidadãos responsáveis que temos.”

Ele estava confiante de que a maioria votaria favoravelmente e desprezaria os esforços da contra-revolução para pedir a rejeição da Constituição. “O que eles querem não responde ao desejo de melhorar o país. Essa contra-revolução é paga e financiada pelo governo dos Estados Unidos, às vezes de maneira mais secreta ou descoberta. Eles não têm apoio popular “

 

Uma juventude activa e anti anexação

Em vários momentos do diálogo esteve presente o tema da juventude, das suas aspirações, dos seus desafios, da relação com o Governo.

Sobre a sua proximidade com os jovens, Díaz-Canel afirmou que Fidel foi um percursor nessa relação, começando naquelas jornadas na Praça Cadenas da Universidade de Havana nos inícios da Revolução, e que pode adquirir essa aprendizagem desde as suas responsabilidades no Comité Nacional da UJC, nas suas actividades partidárias na província e como Ministro da Educação Superior. “Para mim, foi fundamental em todos os momentos. Os jovens contribuem muito e refrescam tanto…”.

E essa geração não estará aspirando a outras ofertas eleitorais ou a outros meios de comunicação?, perguntou Patricia Villegas ao falar do texto constitucional. “Os nossos jovens nasceram no Período Especial e viveram no Período Especial”, recordou Díaz-Canel. “A juventude tem esperança de que o país se desenvolva mais rapidamente  É uma geração culta, educada, activa, participante, e não creio que o seu maior desejo seja estar contra o Partido e a Revolução. Os seus desejos centram-se em que haja mais desenvolvimento, maiores avanços, que sejam tidos em conta, mais participação e têm aspirações de desenvolvimento tecnológico e de comunicação social. É uma geração que tem elementos de diversidade e que goza dos benefícios da Revolução. É uma geração que tem firmeza e que não é anexionista, que quer a independência e vai dar continuidade à Revolução”.

 

Com os Estados Unidos estamos dispostos ao diálogo sem imposições

As posições agressivas da administração Trump e o estado das relações actuais entre Cuba e os Estados Unidos não podiam faltar na entrevista.

O Presidente cubano qualificou essas relações como estando em retrocesso e recordou: “Já Fidel tinha dito que os nossos conflitos, as nossas diferenças, não são com o povo norte-americano. Mas não se pode aspirar a um diálogo onde, numa parte, há prepotência, hegemonismo, pressão, nem onde uma parte exige que te submetas aos seus desígnios … Quando se abriu uma etapa diferente? Bem, pois na última etapa do presidente Obama. Foi um processo que sempre se pensou que seria longo, e que começou com a manutenção ainda do bloqueio.

“Estabelecemos relações e começámos uma etapa de normalização que deveria levar à eliminação do bloqueio. Nessa etapa, conseguimos manter contactos sistemáticos e estabelecemos embaixadas em ambos os países. Conseguimos ter uma relação civilizada, apesar das diferenças ideológicas.

“Há uma parte da sociedade dos Estados Unidos que quer ter relações com Cuba. E, de facto, há alguns intercâmbios”.

Enfatizou que Trump, em Novembro, ditou medidas inaceitáveis que só beneficiam a minoritária máfia anti-cubana de Miami. Tais medidas vão contra o que pensa o povo norte-americano que, nas últimas sondagens, se mostrou maioritariamente em desacordo com o bloqueio, porque o limita nas suas viagens a Cuba e nas suas relações comerciais e financeiras com um conjunto de empresas cubanas e limitam as relações entre famílias. Limitaram o pessoal na sua embaixada e na nossa. Incluíram procedimentos de vistos em países terceiros.

Sobre a campanha estado-unidense que acusa Cuba de ataques contra o pessoal da sua Embaixada em Cuba e a suposta participação russa, o presidente cubano assinalou: “Voltaram à ameaça e à imposição e, no meio de tudo isso, criaram uma falácia, a que chamaram “ataques acústicos”. Eu creio que, se há um país em que dêem cuidados aos cidadãos estrangeiros e aos diplomatas estrangeiros é este”.

“Temos demasiada ética para pedir a alguém para atacar os outros. Cuba não ataca. Cuba defende. Cuba é solidária. Indubitavelmente há que reconhecer que as relações estão agora em  retrocesso. Não limitamos as possibilidades de diálogo, mas tem que ser um diálogo onde não se condicionem as nossas relações. Nós não estamos dispostos a fazer concessões”.

Díaz-Canel afirmou que foi Cuba quem sofreu os mais diversos ataques, de todo o tipo, incluindo atentados contra os seus dirigentes. E enfatizou: “Cuba defende-se, Cuba compartilha, Cuba é solidária, Cuba tem vocação para que um mundo melhor seja possível”.

Declarou que Cuba não nega a possibilidade de diálogo com o governo dos Estados Unidos, mas não aceita imposições, nem chantagens, nem renunciará nunca aos seus princípios.

 

Amamos a Venezuela

Uma bateria de perguntas sobre temas latino americanos levaram o Presidente cubano a avaliar o cenário regional:

“Nós amamos a Venezuela. Venezuela com Chávez alterou a situação dependente de um país que foi chamado a jogar um papel importante na região pelos seus recursos naturais e pela sua história. Chávez, com a sua amizade com Fidel, conseguiu transcender, não um projecto venezuelano ou cubano, mas um projecto de integração latino-americana. Comparemos a Venezuela de antes de Chávez e depois. O povo foi beneficiado com uma quantidade de conquistas, que foram partilhadas com outros países. Os Estados Unidos sempre tentaram derrubar o Governo de Chávez recorrendo às tácticas mais perversas. Chávez foi um líder eleito legitimamente como presidente em vários processos, todos reconhecidos como legítimos, honestos e limpos. Morre Chávez e chega Maduro, o presidente operário. Que pensaram os Estados Unidos? Que não ia poder aguentar-se com o legado de Chávez? Bateram com a porta.

“Atacou o Governo de Maduro recorrendo à violência, ao bloqueio económico e financeiro contra a Venezuela, há uma oligarquia venezuelana que não quer que se repartam as riquezas com o povo… e o que é que fez o Governo de Maduro, resistiu e vai continuar a resistir. Isso deslocou a direita e a oligarquia venezuelana e o Governo dos Estados Unidos. E o que é que isso evidencia? A impotência ante o avanço da Revolução bolivariana. E vão continuar a pressionar os países da americana latina, porque sabemos que há emissários do Governo de Trump metidos nisso, mas os povos latino-americanos são dignos. Tudo isto é a restauração duma plataforma capitalista e neoliberal para todos os povos latino-americanos”.

 

Apostamos na integração, não na submissão

Díaz-Canel fez notar que os Estados Unidos trataram de fracturar os mecanismos de integração. O que propõem para a região é uma plataforma neocolonial capitalista, colonial. Os Estados Unidos não querem que Cuba se repita em nenhum outro lugar da América Latina.

Sobre a ALBA-TCP opinou que nenhum processo regional de integração teve mais êxito. Com a ALBA erradicou-se o analfabetismo em quatro países com o método Sim eu posso. Foi preciso passarem 50 anos sobre a Campanha de Alfabetização em Cuba, para que outros países da região pudessem livrar-se desse flagelo.

Não queremos a globalização neoliberal, queremos a globalização solidária. Milhões de pessoas puderam recuperar a visão com a Operação Milagro. Que injustiça é condenar alguém a perder a visão por causa duma catarata!

Petrocaribe é o resultado de uma posição extremamente altruísta da Venezuela.

 

Aqueles, que não estejam à altura destes tempos, submeter-se-ão ao império e pagarão o preço dessa submissão. Aos que defendem a integração latino-americana e caribenha, a História nos dará razão.

 

A paz na Colômbia processo necessário

Sobre o papel de Cuba no processo de paz na Colômbia, valorizou que a paz é um processo necessário para a Colômbia. A nossa modesta contribuição é dada por convicção; aspiramos a uma paz universal, a uma ordem internacional diferente.

Nós facilitamos o diálogo entre as partes, não interferimos. Os problemas dos colombianos devem ser os colombianos a resolvê-los.

 

López Obrador é uma esperança para o México e para a América Latina

O México é um país muito importante. É um país encantador. A Geração do Centenário encontrou no México um sítio para se preparar para a guerra em Cuba. O México manteve relações diplomáticas com Cuba quando muitos as romperam.

López Obrador é uma esperança para o México e para a América Latina e o Caribe. Um Governo de esquerda, como o de Obrador, favorece a correlação de forças na região. Tem um compromisso tremendo com o seu país e com a América Latina e o Caribe.

Recebemos com muita satisfação a vitória de López Obrador no México.

 

Raúl é como um pai que te encaminha e ao mesmo tempo te deixa caminhar

Quantas vezes pode falar com Raúl nestes quatro meses?, perguntou a Díaz-Canel a sua interlocutora.

“Creio que não há ninguém mais privilegiado que eu, como Presidente, de ter a meu lado o General do Exército. Com Raúl falamos quase todos os dias. Ao telefone, em reuniões e debates, aconselha duma maneira muito sincera, sem sombras de vaidade ou de imposição do quer que seja. Às vezes, quase sempre, sinto que é como um pai, que nos guia, sem negligenciar as suas responsabilidades como Primeiro-Secretário do Partido Comunista de Cuba.

“Assim como Fidel contou com Raúl, quando depositou a sua confiança nele para a condução da Revolução, o mesmo acontece agora e, os companheiros do Conselho de Ministros e eu, sentimo-nos muito seguros.

“Estamos dando modestos passos detrás de dois gigantes”.

“Quando se observa o nosso povo valente, educado, culto, comprometido, empreendedor, a única coisa razoável é entregar-se, trabalhar sem descanso, com fidelidade a Fidel e a Raúl”.

 

A família

Patrícia não deixou de indagar sobre a família, os filhos, a música, no meio de tantas ocupações.

O Presidente cubano justificou a relação especial com a sua família, os seus três filhos, dois dos quais são artistas; a sua esposa – mulher muito capaz e que o ajuda muito, lhe dá ideias e ajuda no confronto – seu neto, de forma consciente. Confessou que, aos domingos, pede a todos que o esperem para almoçar em família, partilhar, cantar; ainda que também, em família, se converse sobre a nossa realidade.

Díaz-Canel agradeceu à TeleSur pela entrevista e valorizou a importância deste meio, que também é Cuba, como contraponto das expressões mediáticas colonizadoras que tentam impor. Declarou ainda ter recebido pedidos de entrevistas por parte do Cubadebate e do diário Granma.

Mãos dadas e um abraço afectuoso entre entrevistadora e entrevistado puseram fim a esta primeira ampla incursão do Presidente cubano nas câmaras de televisão. Esperamos que não passe muito tempo para o termos de volta na televisão local.

Fonte: http://www.cubadebate.cu/noticias/2018/09/17/diaz-canel-a-telesur-lo-que-queremos-es-construir-un-pais-mejor-un-mundo-mejor/#.W6Z5MWhKjIW 

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