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Nicarágua é o novo alvo

Sujeitos mascarados, armados com morteiros e bazucas caseiras bloqueiam as avenidas, fecham as principais ruas, atacam instituições públicas, queimam pneus, ateiam fogo, saqueiam e matam.

Autor: Raúl Antonio Capote | informacion@granmai.cu

Julho 12, 2018 18:07:54

 

Os jovens da Nicarágua foram vítimas de manipulação política e dos média. Foto: www.elpreg.com

 

Até o momento, aproximadamente 170 pessoas morreram na Nicarágua, vítimas do caos e da violência. Uma forte campanha na comunicação social acompanha os eventos e, mais do que acompanhá-los, dinamiza-os, multiplica-os, falsifica-os sem pudor.

Os actos violentos são apresentados como manifestações pacíficas de estudantes, a imprensa mostra fotos de «assassinados pelo governo sandinista», mas a mentira tem pernas curtas e o engano vem à baila. Várias denúncias mostram que os mortos estão vivos, um jovem que mora no exterior retorna para negar a mentira perante as câmeras, mas isso não é reproduzido pela grande comunicação social.

De acordo com o publicado no blog do escritor Max Blumenthal, no início de Junho, um grupo de activistas da oposição do Governo da Nicarágua reuniu-se em Washington, com líderes da Freedom House. O grupo de oposição, conhecido como M19, foi pedir a Donald Trump e a outros funcionários do Governo dos Estados Unidos «para ajudá-los na sua luta contra o Presidente Nicaraguense Daniel Ortega».

As ligações das organizações norte-americanas com os acontecimentos na Nicarágua e em outras partes do mundo são claramente mostradas no texto de Blumenthal. «A Fundação Nacional para a Democracia (NED, abreviatura em inglês) é um agente principal do poder suave dos Estados Unidos, que se intrometeu em assuntos de outros países, desde a sua fundação, no auge da Guerra Fria, em 1983 (…)». E o autor cita Allen Weinstein, fundador do NED, em 1991: «Muito do que fazemos hoje foi feito, há cerca de 30 anos, pela CIA».

O orçamento com o qual a NED opera vem do Congresso dos Estados Unidos, que lhe concede milhões, a cada dois anos, como parte do orçamento do Departamento do Estado. Também recebem doações de quatro associações: a Fundação Smith Richardson, a Fundação John M. Ohin, a Fundação Lynde e Harry Bradley e a Freedom House, indiretamente financiadas por contratos federais.

O dinheiro é distribuído entre o Instituto Republicano Internacional (IRI), o Instituto Nacional Democrático para os Assuntos Internacionais (NDI), o Centro Americano para a Solidariedade Internacional do Trabalho, da Federação Americana dos Sindicatos Congresso da Indústria Organizações (AFL-CIO) e o Centro para a Empresa Privada Internacional (CIPE, abreviatura em inglês), da Câmara do Comércio, que por sua vez distribui recursos monetários e materiais a outras organizações no território norte-americano e no mundo, e desembolsam dinheiro e materiais para as organizações de oposição em países que não têm a simpatia do governo norte-americano.

 

Sujeitos mascarados, armados com morteiros e bazucas caseiras bloqueiam as ruas e provocam violência na Nicarágua. Foto: www.telemetro.com

 

A história do blogger americano enfatiza o papel dos culpados: «Além da NED, a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) foi a promotora mais activa da mudança de regime contra os governos de orientação socialista na América Latina. Na Nicarágua, o orçamento da USAID ultrapassou 5,2 milhões, em 2018, com a maioria dos fundos destinados à formação da sociedade civil e organizações da comunicação social.

É a mesma USAID que utilizou as verbas da Aliança para o Progresso, programa de «ajuda económica, política e social» dos EUA, uma adaptação do Plano Marshall e a primeira grande tentativa de deter a revolução latino-americana e isolar Cuba, para financiar a repressão. Mas, em vez de engenheiros, técnicos e trabalhadores qualificados, a USAID formou polícias, soldados, paramilitares, torturadores e assassinos sem escrúpulos; em vez de fábricas, plantações agrícolas e escolas, construiu centros de detenção e tortura.

Não se deve esquecer que foi a mesma USAID que também financiou a formação de grupos de extermínio, pagou programas de «saúde» que ocultavam processos desumanos de esterilização na América Central e colaborou com os narcotraficantes da CIA, na operação Irã-Contra.

A USAID criou uma profunda rede no continente, que atrai quadros, faz líderes e penetra na sociedade civil. Um verdadeiro exército intervencionista de «especialistas», «consultores», «assessores» que trabalham no desenvolvimento destes planos subversivos. Somente nos seus primeiros dez anos de criação, o NED distribuiu mais de 200 milhões de dólares em 1.500 projetos para apoiar os chamados «Amigos da América».

Sérvia, Geórgia, Quirguistão, Belarus, Ucrânia, Irã e Venezuela, onde quer que haja um governo que confronte os interesses dos EUA, verifica-se a acção destes especialistas em desestabilização e caos, generosamente financiados.

Mercenários, delinquentes, funcionários pagos do «golpe suave», das «Revoluções das Cores», revoluções com nomes marcantes e pacíficos, projectadas em laboratórios de Langley, também conhecidas como a Revolução das Rosas, Revolução das Tulipas, Revolução Laranja, ou mais próximo da realidade, como a Revolução do Bulldozer na Sérvia, onde os soldados e armas da nova guerra são a compra de consciências acríticas e o engano e a sedução, mediante o uso de conceitos atraentes para jovens e muito dinheiro, todo o dinheiro que seja necessário. E, naturalmente, agora o novo alvo é a Nicarágua.

(artigo reescrito sem acordo ortográfico)

 

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